Passar da dependência de nossos pais ou familiares para total independência é um dos passos mais desafiantes de qualquer ser humano. Se trata do momento em que estamos abraçando uma série de responsabilidades, ao mesmo tempo que aprendemos, com essa nova caminhada, atividades que nem sequer equacionávamos ser importantes. Porém, será que as gerações mais jovens estão sendo bem preparadas para realizarem essa transição de uma forma saudável e autonôma? Certamente que o facilitismo e o acesso rápido a informação, comida, transportes e outros fatores de nossa vida, muito por causa da evolução tecnológica, fizeram com que as gerações mais recentes não tivessem que lutar tanto para as conseguir conquistar. Ora, certamente essa ausência de determinação, garra e força para ultrapassar certos obstáculos poderá determinar a dificuldade que certos jovens poderão sentir na transição de adolescência para a vida adulta. Para além disso, questões como a educação e formação são cruciais para se perceber se um jovem estará desenvolvendo as bases necessárias para ser um jovem adulto feliz e concretizado. Contudo, é inevitável não ter em conta outros fatores como a situação financeira, profissional e social, que irão ter um impacto direto no desenvolvimento de personalidade desse mesmo jovem.
Pressão financeira e profissional nos mais jovens
Sem dúvida alguma que a situação precária do mercado de trabalho faz com que a estabilidade emocional e profissional das gerações mais jovens não seja a melhor, levando a que essa mesma transição para a vida adulta seja bastante mais complicada. Assim, bem diferente do que acontece nas gerações anteriores, os mais jovens terão que trabalhar com bases em contratos curtos ou em tarefas pagas que são temporárias. Logo, essa maior dificuldade e instabilidade farão com que a transição não seja tão independente como se poderia idealizar. Aliás, esse acaba também sendo um dos motivos para que os jovens acabem se tornando independentes ou saindo de casas de seus pais mais tarde. Mais o que impreparação, o mercado de trabalho parece ser um dos principais responsáveis por isso, desenvolvendo os seguintes sentimentos de impotência nos mais jovens:
- Adiar a saída de casa dos pais – muitas vezes a vontade de se tornar independente é travada pela falta de condições profissionais e econômicas, atrasando assim todo o processo de crescimento desse jovem adulto.
- Serem pais mais tarde – esse também acaba sendo uma consequência direta dessa maior instabilidade no mercado de trabalho. Sem essas bases, dificilmente os jovens adultos terão as situações ideais para serem pais.
- Maior dependência dos pais – em um período de vida em que os mais jovens gostariam de serem livres para viajarem, essa liberdade acabará sendo limitada pelas circunstâncias precárias do trabalho. Tal, naturalmente, provoca sentimento depressivos, ansiedade e frustração.
Até que ponto a tecnologia está preparando nossos jovens?
Outra questão a ser avaliada, principalmente na transição da adolescência para a vida adulta, é a atual influência que a tecnologia está tendo na vida da geração mais jovem. Tal como já foi mencionado, nesse momento, não é complicado ter a comida ou os produtos que se queiram batendo na sua porta. Para tal, basta somente usar um aplicativo e fazer a solicitação dessa encomenda. Sem dúvida que esse imediatismo e facilitismo é bem diferente das gerações mais velhas, que teriam que sair mais vezes e se esforçar até para comprar fruta. Assim, no ramo da psicologia, acaba se discutindo muito até que ponto essa tecnologia estará preparando do melhor jeito nossos adolescentes para a vida adulta, principalmente se focando nos seguintes fatores:
- Falta de confronto e de luta por conquistas – se tudo o que precisamos está agora à distância de alguns cliques em um aplicativo, por que um jovem deverá se esforçar para conquistar suas coisas? Certamente essa é uma questão muitas vezes colocada, pois é relativamente recente.
- Excesso de informação e pressão das redes sociais – nunca, na história da humanidade, se teve acesso tão imediato e com tanta quantidade a informação sobre os mais diferentes tópicos. Porém, até que ponto esse excesso de informação e presença nas redes sociais, não acaba intimidando nossos jovens para aquilo que são os desafios da “vida real”?
- Exercitar o cérebro da socialização – como consequência dos pontos já acima referidos, está comprovado que essas novas gerações estão passando mais tempo jogando do que socializando ou até tendo relações amorosas. Tal fenômeno nunca aconteceu nessa escala, o que poderá fazer com que os jovens sintam mais dificuldades em todos os processos de socialização e debate de ideias, por exemplo.
Será que nossos jovens estão realmente prontos para a fase adulta?
Analisando todos os pontos, acaba sendo complicado ter uma resposta direta, principalmente quando se compara as gerações mais jovens com as mais antigas. Se por um lado irá existir uma maior dificuldade na socialização e na luta pelas conquistas, é importante realçar que a tecnologia veio facilitar alguns passos. Ainda assim, é crucial ter em conta a situação financeira e profissionais mais precárias que nossos jovens estão enfrentando. Com certeza que esses indicadores ainda nada irão contribuir para a independência de nossos jovens adultos, que estão saindo cada vez mais tarde de casa de seus pais.